domingo, 27 de janeiro de 2019

Incompreensão

Lucid Dreams
Ele era o amor da minha vida, eu sentia-o. Todos os momentos que tínhamos eram para estarmos juntos.
Um dia quando todos na aldeia festejavam o dia de São Pilatos decidimos dar um passeio pela floresta.
Nesse dia foi posto um ser dentro de mim. Eu sentia todos os dias o pequeno ser dançando no ventre.
Apesar de feliz vivia muito amargurada por ter sido votada ao desprezo de todos os que me rodeavam.
O dia em que o meu filho nasceu foi o mais feliz da minha vida.
O meu filho nasceu um homem, era alto, corpo magro e cabeça de veado com duas grandes armações.
Quando as pessoas o viram chamaram-lhe monstro e choraram de horror.
Eu vejo o mais perfeito dos meninos na minha frente.
Os aldeões mais vigorosos foram chamados e agarraram no meu menino e cravaram-lhe na testa a cruz de Cristo, retirada em fogo da  lareira.
Nem todas as chagas de Jesus doeram tanto como a dor da impressão daquela cruz. Ele era filho de Deus. Tal como Jesus não mereceu compaixão.
Levaram-no para a praça da aldeia, ataram-no a um pelouro e incendiaram o seu corpo.
-Não.
Chorei...  Era o meu filho.

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