quinta-feira, 31 de março de 2016

Avô

Avô...
Nem parece que já partiste há quase seis anos.
 Ainda me custa passar na rua onde viveste tantos anos e onde passei a minha infância. Há poucos meses e por razões que já não recordo apanhei o autocarro que passa em frente à rua onde moraste e olhei para a janela da tu antiga casa numa tentativa instintiva e irracional de te ver, por segundos esqueci que já lá não moravas.
Já outra família ocupa a habitação, na janela, cortinas de cor viva e um vaso de flores...
Ainda me lembro das tuas velhinhas cortinas de croché brancas com bordados castanhos e da "cobra" de pano castanha que ficava por baixo da fresta da janela para não entrar frio. Até me lembro que a zorbas morria de medo dela. A zorbas também já partiu, três anos depois de ti.
Gostava que ainda estivesses entre nós com aquela energia que te era característica.
No dia em que ligaram a dizer que tinhas morrido não fiquei muito triste, penso que na altura, apesar de consternada não tive uma ideia tão clara do que significava a tua morte. Com o passar do tempo, as saudades foram aumentando e a mudança de hábitos foi mais sentida. Hoje em dia cada vez é mais doloroso e parece que quanto mais tempo passa mais me dói a tua partida.
É ridículo dizer que só consegui apagar o teu número de telefone da lista de contactos do telemóvel 2 anos depois de saber que já não me atenderias...
No dia do teu funeral deram-me um cartão com a tua fotografia e as seguintes frases:
"Parti para uma nova viagem. Deixo os melhores momentos, que vivemos juntos. Recordar é um dom da vida, viver é o sentido da morte. Vive e sê feliz por mim." 
Sim, eu sei que não foste tu que escreveste isto, avô mas penso que seriam o reflexo dos teus pensamentos naquele momento. 
Espero de facto que tenhas mesmo partido em paz para um sítio melhor.
Entretanto cá, ficam as saudades. Pode ser que um dia te volte a reencontrar.


segunda-feira, 28 de março de 2016

sábado, 19 de março de 2016