segunda-feira, 16 de maio de 2011

Cinema paradiso

Vencedor de inúmeros prémios, o filme italiano Cinema paradiso conta a história tocante de um cineasta famoso, Toto ,que volta á sua terra natal para assistir ao funeral de Alfredo, o seu melhor amigo. A notícia desperta nele uma forte torrente de recordações, sendo essa a trama do filme. Toto recorda então a sua infância , o seu primeiro amor e a sua paixão de sempre pelo cinema. O cinema onde iniciou a sua carreira ainda em criança é “Cinema Paradiso ”, onde todos os filmes que eram representados eram censurados pelo padre da aldeia. No final, o cinema é demolido para grande tristeza de todos os que se lembravam dos seus tempos áureos, para dar lugar a um parque de estacionamento.
Antes de regressar a Roma, Toto acaba por receber da esposa de Alfredo uma bobina que este teria guardado ao longo dos anos para ele com todas as cenas cortadas.
Foi vencedor de um Oscar em 1990 e um globo de ouro na categoria de melhor filme estrangeiro; Um Grande prémio Júri e indicado á palma de ouro no festival de Cannes;O prémio francês César para melhor poster; Foi indicado ainda para melhor filme estrangeiro e venceu um prémio da academia japonesa de cinema em 1991; Recebeu também o prémio David di Donatello na categoria de melhor música (composta por Ennio Morricone) e os britânicos prémios BAFTA em 1991 nas categorias de melhor actor para Philippe Noiret, melhor actor coadjuvante para Salvatore Cascio, melhor filme de língua não inglesa, melhor banda sonora original, melhor roteiro, melhor fotografia, melhor figurino, melhor director, melhor edição ,melhor maquiagem, e melhor direcção de arte.

Ana karenina (Анна Каренина)

Ana Karenina é sem dúvida, o mais notável romance do século XIX e a maior obra-prima da literatura russa.
Escrito entre 1873 e 1878 por Leão Tolstoi, retrata-nos a história de uma dama da aristocracia russa(Ana) que aparentemente tinha tudo para ser feliz- beleza, dinheiro, um filho amado e um casamento prestigiado com um funcionário do Império(Alexei Karenine) e que decide abandonar tudo para viver o seu amor com Vronsky. O que no início foi uma relação extraconjugal discreta, tornou-se pública, depois do nascimento da filha de ambos. Apesar de ambos terem assumido publicamente a sua relação, Alexei negava-se a dar a Ana o divórcio pois na época tal era considerado um escândalo.
Toda a sociedade se revolta contra aquela situação, o que obriga o casal a fazer uma viagem à Europa mas, passados poucos meses, Ana exige voltar à Rússia pois não suporta mais as saudades que tem do filho(Seriocha). O marido impede-a de vê-lo mas Ana consegue-o à revelia deste.
Com o passar do tempo, Ana torna-se mais agressiva e desconfiada e a sua relação com Vronsky começa a desmoronar-se.
Sentindo-se cada vez mais sozinha e sem encontrar um rumo para a sua vida, decide suicidar-se.
Outra personagem também merecedora de atenção é Levine, um proprietário rural que permanentemente faz uma busca existencial, procurando o seu lugar no mundo.
A abordagem de temas como o adultério não é uma novidade na literatura do século XIX, sendo que o que torna esta obra única é a humanidade expressa através das palavras do autor. Neste romance está contida uma crítica à moral e aos costumes de uma Era preconceitos em que a mulher tinha uma função social de subalternidade em relação ao homem e onde não se atribuíam importância às emoções. A mulher como mãe também é citada, sendo a personagem Ana Karenina uma mãe dedicada que ama incondicionalmente o seu filho mas que o abandona para viver os seus sonhos.
Esta obra mostra-nos o quanto é importante encontrarmos o nosso lugar no mundo e a demonstrar mais compreensão para com aqueles que tomam decisões com as quais não concordamos, porque no fundo ninguém conhece ninguém verdadeiramente, pois nunca podemos sentir o que os outros sentem nem da mesma forma.

domingo, 15 de maio de 2011

As Horas(filme) e as emoções (dentro da psicologia)


No filme “As horas” encontra-mos a história de três mulheres, Virgínia Woolf, Laura Brown e Clarissa Vaughn, que em diferentes épocas vivênciam uma grande diversidade de emoções, desde o intenso desejo de suicídio, passando pela vontade de fuga e mudança ate á frustração e impotência. O elemento de ligação entre todas elas é a obra Mrs. Dalloway escrita por Virgínia Woolf na qual se narra uma situação semelhante á das personagens do filme: a compra de flores e toda a organização de uma festa para alguém que lhes é querido.
Virgínia Woolf , uma brilhante escritora sente uma enorme tristeza para a qual só encontra como resposta o suicídio, Laura Brown é uma dona de casa, mãe de um rapazinho (Richard), grávida, que não é feliz com a vida que leva e que após o nascimento da filha abandona a sua família e parte para viver uma nova vida da qual mais tarde se arrepende, Clarissa Vaughn é a editora do livro. Pretende dar uma festa para um amigo com quem teve no passado uma relação amorosa e por quem sente grande afecto mas este decide tomar, poucas horas antes da festa uma importante decisão na sua vida, dando-lhe fim e deixando Clarissa completamente destroçada e frustrada por não ter feito mais por ele.
Como verificámos no filme, as emoções são reacções que podemos observar ( públicas) e geralmente de duração reduzida. Podemos afirmá-las como sinais emocionais que de certa forma nos permitem formar comunicação e atribuir-lhes um valor adaptativo como indicador de vários estados. Associados ás emoções encontram-se valores, ideias e princípios e que se relacionam com a nossa história de vida e significados.
As emoções podem ser despoletadas por acontecimentos, situações, pessoas e etc, que nos levam a pensar no objecto nem sempre conscientemente; A obra de Virgínia Woolf esteve sempre presente nas três personagens influenciando-as de certa maneira visto que a sua leitura(escrita no caso de Virgínia) originou o despertar de emoções que levou as personagens a buscar em si o significado para as suas próprias vidas.
Experiência subjectiva que é a emoção, pode ser esta acompanhada por reacções orgânicas( suores, tremores, tensões musculares...), gestos, movimentos, expressões corporais e orais e revelando uma grande tendência para a acção(pode ser o caso da fuga em que o factor desencadeante será o sistema limbíco). No filme, as três personagens demonstram a sua tristeza através da apatia, choro e nervosismo.
As suas principais características(emoções) são o tempo de duração, a sua intensidade baseada no efeito que esta nos causa, as alterações corporais já referidas anteriormente, as suas causas e objectos, a sua versatilidade(surgem e desaparecem), a polaridade positiva ou negativa alternando a sua intensidade, as reacções a uma experiência vivida e a interpretação dos factos. Richard, interpretou sempre o facto da sua mãe ter abandonado o lar quando ele era criança como sendo culpa da falta de diálogo entre esta e o seu pai. Apesar disso nunca escapou ao facto de viver sempre com a mágoa de ter crescido sem aquele apoio maternal e de imaginar que talvez o seu destino tivesse tido outro rumo.
Segundo António Damásio podemos classificar as emoções como: Primárias - onde se incluem o medo, a cólera, a alegria, surpresa, nojo e aversão. Estas denominam-se primárias pois correspondem a emoções surgidas na nossa infância; são inatas e entendem-se por respostas a estímulos internos e externos.
Secundárias – são a culpa, vergonha, ciúme, orgulho... chamam-se secundárias na medida em que são originadas por uma avaliação cognitiva( pensar) baseada em aprendizagens adquiridas e como tal pertencem ao nosso período de vida da idade adulta.
As emoções de fundo são responsáveis pelo bem-estar, mal-estar, tensão, nervosismo e calma. Inerentes ao Ser individual fazem parte do nosso temperamento.
As emoções tem seis componentes: cognitiva- o conhecimento do facto ,avaliativa- reacção baseada em princípios e valores, fisiológica- alterações corporais, expressiva –expressões corporais que pretendem estabelecer comunicação, comportamental –através do comportamento que pode ser violento e ofensivo, quer físico quer verbal e subjectiva- trata-se dos afectos que estão ligados ás emoções.
Todas estas componentes das emoções estão interligadas entre si sendo que todas se influenciam mutuamente. O comportamento de determinado indivíduo pode variar entre estas componentes mediante a previsão das consequências.
A maneira como respondemos a várias situações diferentes varia de indivíduo para indivíduo. Por exemplo o stress desempenha o papel de resposta a acontecimentos que perturbam o nosso estado de bem-estar Poderá o stress ser positivo nos casos em que é necessário agir ou impedir o excesso de confiança mas também será negativo quando entendido como uma ameaça, aí irão desenvolver-se respostas orgânicas e psicológicas. Pode ser potenciado pela nossa identidade em constante mudança , o devir e o meio que nos rodeia; Quando superadas estas situações de stress, originar-se-ão um crescimento da nossa identidade e a um amadurecimento emocional. As respostas orgânicas englobam a divisão dos sistemas simpático e parasimpático do cérebro e é apelidada de fase de alarme que prolongada no tempo( fase de resistência) pode provocar doenças físicas( a situação de burn-out / esgotamento nervoso).
O comportamento decorrente de uma resposta psicológica que resulta numa resposta comportamental (palidez, agressividade, irritabilidade) e emoções tais como a ira, frustração, raiva... que depois de passado algum tempo, ainda permanecem em nós levando-nos a pensar na situação (resposta cognitiva).
As emoções estão do mesmo modo associadas á razão pois se não possuísse-mos emoções ,não teríamos a capacidade de decidir. As emoções servem assim de orientação para as tomadas de decisão assim como o nosso estado somático.
A decisão de suicídio foi pensada com a ajuda das emoções e da razão. Virgínia Woolf, por exemplo, sentia que a sua vida não tinha sentido porque tinha dúvidas quanto á sua identidade. Identifica-mos esta personagem ás emoções de stress, mais propriamente na fase de burn-out.
Laura Brown, depois de reflectir sobre o seu suicídio, chegou á conclusão de que não era capaz de o levar a avante pois o que ela verdadeiramente almejava para si era poder experiênciar uma vida diferente da que levava até então, decidindo partir e também porque estava grávida. Laura baseou a sua decisão nas emoções( tristeza, angustia, desejo de evasão...), razão( tentou prever as consequências que daí viriam) e em factores somáticos( gravidez)
Clarissa Vaughn , dedicou grande parte da sua vida a outra pessoa( Richard) vivendo em função desta e esquecendo-se totalmente de si. Acabou tornando-a o ponto crucial da sua existência e usou-a como fuga para não admitir a si mesma que a sua vida era monótona e que nem ela própria conhecia os seus potenciais. Tentou por assim dizer, evitar situações de stress ignorando as suas emoções como se tal fosse um anestésico.
Richard é puramente infeliz. Sofre por ter sido abandonado em criança pela mãe, sofre por ser seropositivo e sofre sobretudo por se sentir um fardo na vida de todos os que o rodeiam. Sabe que é o motivo de Clarissa viver e que isso a impede de viver plenamente a sua individualidade. Sente-se alvo de pena para os outros e chega até a menosprezar o seu talento afirmando que ninguém apreciou o seu livro e que apenas ganhou um prémio devido ao facto de ser doente. O seu suicídio denota que para além todas as emoções que guardava em si reflectiu bastante e concluiu que eram poucas as razões para continuar a viver: não tinha família, era um empecilho na vida de Clarissa, era seropositivo (pouco tempo de vida lhe restava) e mantinha sempre presente no seu intimo a dor do abandono da mãe em criança, que no fundo ele pressentira no dia em que a mãe o deixara entregue a uma vizinha e saiu para um quarto de hotel na intenção de terminar com a sua vida.

.As emoções desempenham um papel crucial na comunicação e adaptação entre seres humanos, possuem várias componentes associadas entre si e demonstram uma grande importância entre a razão e emoção e no processo de tomada de decisões( segundo António Damásio)